sábado, 13 de março de 2010

OSTROWER. Fayga UNIVERSOS DA ARTE. Rio de Janeiro Elsevier. 2004.

PARTE 1 - INTRODUÇÃO
Capítulo I - Encaminhamento didático
A obra trata de um relato e uma reflexão sobre uma expenência docente de arte de Fayga Ostrower à operários, onde a autora procurou mecanismos para a facilitação da aprendizagem dos mesmos. A autora buscou como metodologia para o curso a realização de uma série de palestras ilustradas e debates, onde o foco principal era a iniciação na linguagem visual e a apreciação da arte. A autora deveria ser clara e objetiva ao ministrar estas aulas, sempre com o propósito de divulgar a arte e promo¬ver a sua compreensão.
Capítulo II - Diálogo
Ao iniciar o curso, a autora primou por não haver indícios de superioridade nas relações entre ela e os operários. Ficavam reunidos por volta de duas horas conversando, discutindo, olhando-se, folhe¬ando livros ou vendo desenhos diversos, ou seja, refletindo sobre arte. O material usado nas aulas era barato e simples. O uso de reproduções desempe¬nhava uma função pedagógica importante, pois era a forma dos alunos se familiarizarem com o univer¬so da arte. A autora buscou o tempo todo um diálo¬go com a turma, sendo fundamental a participação de todos nas aulas externando dúvidas, anseios e opiniões.
PARTE II - ESPAÇO E EXPRESSÃO
Capítulo (II - Movimento visual
O tema principal abordado foi o espaço e a rela¬ção forma-conteúdo. As noções de espacialidade têm fácil compreensão uma vez em que a perceba. O espaço está presente á medida que traduzimos tudo 0 que queremos comunicar em imagens espa¬ciais, ou seja, usamos intuitivamente imagens de espaço ao falarmos ou nos expressarmos.
Obras foram apresentadas aos alunos, com a intenção de que ao mostrar essas obras, a experi¬ência do artista e seu posicionamento social eram ali desvendados. Foram selecionadas obras com conteúdos expressivos diversos de Van Gogh e Leonardo Da Vinci. O grupo também realizou pe¬quenos exercícios práticos. Na verdade, estavam colocando em prática noções teóricas, refletindo posteriormente sobre o conteúdo das formas em¬pregadas nos exercícios. A forma acaba incorpo¬rando o conteúdo e ambos se fundem, em uma única identidade.
Capitulo IV - Orientação e Direcões Espaciais
Um contorno funciona como limite, e ao mesmo tempo que delimita forma a um espaço interno. Ao vermos o limite da forma, percebemos qual é a sua estrutura. Há relações entre o espaço externo, o interno e a superfície. As referências visuais da forma são seus limites.
Ao se indicar em uma obra de arte uma linha vertical ou horizontal, dâ-se a ela uma direção vi-venciada carregada de emoção, onde surge a ideia de repouso ou ação. linearidade ou mobilidade.
Capitulo V - Intuição - Análises e Sínteses
É a partir de uma mobilização interior do artista que surge a experiência artística, o fazer artístico. Esta paixão que move o artista não está presente apenas na realização de obras de arte e sim em todos os âmbitos da vida.
- Análise: decomposição da imagem em seus di¬versos componentes e reconhecimento do seu con¬teúdo expressivo.
• Síntese: atos de compreensão e de percepção, interíonzação do conhecimento.
As ideias e noções surgem através de caminhos intuitivos, e esses caminhos não são inteiramente racionais e tampouco são irracionais. É um caminho típico do homem e a nossa percepção é um ato constante de intuição. Ao intuir, o homem pode ser capaz de criar. A criação utiliza como guia a sensibi¬lidade.
PARTE III - ELEMENTOS VISUAIS
Capitulo VI - Linha
A linha configura um espaço e uma dimensão e através dela temos o espaço direcional. Seu movi¬mento visual se da no tempo e no espaço e existem possibilidades diversas de se modular o movimento da linha.
Trata-se de cada segmento linear que cria uma dimensão espacial A linha possui intervalos, con¬trastes de direção e velocidade variada. As qualifi¬cações expressivas determinam que tipo de espaço a linha pode caracterizar. Podemos analisar o mo¬vimento visual das linhas verificando seus tempos expressivos articulados.
Capítulo VII - Superfície
As linhas ao delimitarem uma área definem um novo elemento visual, com propriedades e caráter espacial. Este novo elemento criado é a superfície. Duas dimensões na superfície são fundamentais: altura e largura (caráter bidimensional).
A superfície é um elemento de características mais estáticas que dinâmicas e sua movimentação se dará a outros fatores visuais na obra.
Capitulo VIII-Volume
As dimensões que determinam o volume são altura, largura e profundidade (caráter tridimensio¬nal). As qualidades espaciais do volume são: planos relacionados em diagonal, superposições ou sobre-posições, profundidade e noção de cheio e vazio (densidade).
Linhas e superfícies fazem parte do volume, passando assim a desempenhar um novo papel na formação de um espaço tridimensional. A profundi¬dade é essencial para a noção visual do volume.
O volume é claramente percebido em obras Re¬nascentistas e Barrocas, que se utilizam do ponto de fuga e linhas diagonais na sua composição (utili¬zação pelo artista da perspectiva).
Capítulo IX - Luz
A luz é o contraste apresentado entre o claro e o escuro. O artista opta em colocar na sua imagem efeitos de iluminação que é a distribuição de man¬chas claras e escuras na obra. Este efeito de con-traste, este jogo de claro-escuro dá maior destaque aos objetos representados e pode existir indepen¬dentemente da incidência de um foco de luz.
O que permite a um observador a identificação da presença da luz em uma obra é o fato da com¬posição ter sido elaborada em contrastes de claro e escuro, graduando-se as intensidades destes con-trastes. As ideias de contraçâo e avanço, de relra-ção e expansão podem ser fruto do uso da luz e seu jogo estabelecido pelo artista.
Capítulo X- Cor
A cor pode ser vista de uma forma e percebida de outra. Qualquer cor é excitante para os sentidos e provoca reações a quem a vê em uma obra. As cores isoladas não dizem tanto quanto suas rela¬ções.
Podemos diferenciar uma cor graduando vários tons em torno de uma cor dominante e estabelecer relações entre eles. Estas são as chamadas tonali¬dades. Além disso, podemos criar escalas de claro-escuro e escalas cromáticas (escala que vai de um tom saturado a acromàticos). O uso de diferentes tonalidades em uma obra permite dar a ela um ritmo e uma movimentação provocando entendimentos e sensações diversas ao observador.
PARTE IV - COMPOSIÇÃO
Capitulo XI - Semelhanças e contrastes
O artista através das semelhanças introduz se¬quências rítmicas e através de contrates articula tensões espaciais nas obras. Estas semelhanças e contrastes são perceptíveis do ponto de vista for¬mal. Não podemos esquecer que a forma estabele¬cida em uma obra de arte se torna uma linguagem.
Em uma obra, há variações e inversões formais. Um quadro pode nos oferecer a leitura de uma pro¬fundidade sobre o tema retratado, um peso visual e uma tensão interior. Um artista tem a capacidade de explicitar a vida em uma imagem e ao mesmo tem¬po nos faz refletir sobre ela.
Capítulo XII -Tensão espacial - ritmo
Em uma estrutura visual, há vanações de ritmo e de contraste. Através da apresentação de contras¬tes, a tensão espacial ó dominante nas relações formais. A tensão espacial une as várias partes de uma composição em uma totalidade expressiva.
A tensão passa a dar um conteúdo emocional à obra, um tom de dramaticidade expressiva. Em qualquer expressão, é indispensável um mínimo de tensão espacial.
Capítulo XIII - Proporções
A proporção em uma obra de arte deve ser en¬tendida mais do que apenas um fator estético. Ela deve ser entendida como um fator estrutural impor¬tante para a ordenação interior da forma e seu sen¬tido expressivo.
Pode ser também definida como a justa relação das partes entre si e de cada parte com o todo. a-gindo como a medida das coisas
A proporção é o que traz harmonia entre os ele¬mentos que compõem uma imagem e uma unidade na diversidade.
Cada elemento è inter-relacionado e a definição de seu tamanho, distanciamento e alinhamento está dentro da proporcionalidade
PARTE V - ESTILO
Capítulo XIV - Arte Pré-histórica
O estilo de uma obra corresponde à visão pes¬soal do artista ou á visão cultural de uma determi¬nada sociedade de um determinado momento histó¬rico. O estilo não é algo estagnado. Mudam-se as épocas e mudam-se os estilos.
A evolução do homem é importante ser observa¬da, sobretudo o processo de desenvolvimento físico e psíquico.
O homem foi buscando o aprimoramento corpo¬ral de acordo com as necessidades cotidianas. As mãos humanas na pré-históna, por exemplo, adqui¬riram funções diversificadas que iam além do loco¬mover e segurar. As mãos passaram a executar os pensamentos caracterizando todo o fazer humano.
Dentro deste fazer está a representação gráfica do pensamento e da memória A partir dai surgem os desenhos rupestres, onde a pintura realizada em cavernas com pigmentos naturais nos dá dados importantes sobre os primórdios humanos.
A temática mais recorrente destas obras a é representação da caça de animais de grande porte e representados de perfil.
Estes desenhos representam as primeiras e mais antigas manifestações artísticas e são obras de qualidade relevante e que não são nada primárias.
A expressão através dos desenhos mostra uma identidade social pré-histórica.
Capítulo XV - A deformação na arte - correntes
estilísticas básicas: naturalismo, idealismo,
expressionismo -tendências surrealistas
e fantásticas
Qualquer forma criada por um artista resultará em um distanciamento da natureza e ao dar forma á imagem, o artista a deforma.
É inevitável, no fazer artístico, a deformação ou distorção. Esta deformação é que dá características próprias a obra.
- Naturalismo: os artistas descrevem fenómenos naturais em suas obras, pnncipalmente a luminosi¬dade, transmitindo emoções geradas após a obser¬vação. Trata-se de uma atitude objetiva e o artista tenta em suas obras uma transcrição exata dos eleitos de cor que o fenómeno natural produz, sem esquecer de suas particularidades. Ex: Impressio¬nismo.
- Idealismo: nas obras de estilo idealista, a orienta¬ção espacial passa a ser frequentemente estabele¬cida através de eixos centrais (ou zonas de energia centrais). Ao mesmo tempo que as proporções sâo dinâmicas, apresentam traços estáticos, predomínio de semelhanças sobre contrastes e equilíbrio entre ritmos e tensões. Sâo as obras consideradas clássi¬cas. Ex: Renascimento.
- Expressionismo: tratanvse de obras que mos¬tram a intensificação das emoções indo além dos limites da ocorrência da naturalidade ou normalida¬de As formas estruturais do espaço são caracteri¬zadas por uma movimentação maior. Os contrastes prevalecem e encontramos fortes tensões espaciais.
- Surrealismo: tratam-se das artes fantásticas, não representando uma corrente estilística e sim uma temática especifica. Esta temática procura ilustrar a presença de aspectos imaginativos irracionais den¬tro da nossa realidade. Os artistas fazem ligações estranhas entre objetos familiares. A arte surrealista parte de componentes individuais realistas e os recombina em contextos incoerentes deliberada¬mente.
Capitulo XVI - Arte contemporânea
O Dadaismo é a arte da absurdidade. sendo a maiona das obras um protesto contra a guerra e contra a racionalidade desta cultura.
Os artistas desenvolveram novas possibilidades formais e todo um vocabulário novo que veio a enri¬quecer a linguagem nos vários campos da arte, principalmente no âmbito da arte contemporânea.
A arte, a partir de então, se enveredou por cami¬nhos abertos pela vertente dadaísta.
Na arte contemporânea há uma forte tendência da abstração da figura.
Encontramos dentro da arte contemporânea a arte abstrata, a arte cinética, a arte aleatória, os happenings, a pop art, a arte minimalista e a arte ambiental.
ENCERRAMENTO
Ao término do curso, Fayga Ostrower pôde per¬ceber o quanto seu trabalho foi significativo aos operários.
Eles mostraram gostar da expenéncia vivida, das discussões e reflexões realizadas.
A partir da arte, puderam conhecer mais sobre a humanidade e sobre suas formas expressivas.

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