sexta-feira, 17 de abril de 2009

SOBRE O HINO NACIONAL


HINO NACIONAL

Parte I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Parte II

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra, mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores."
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Letra: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva

Atualizado ortograficamente em conformidade com Lei nº 5.765 de 1971, e com
art.3º da Convenção Ortográfica celebrada entre Brasil e Portugal. em 29.12.1943.

LEITURA DO HINO EM UMA LIGUAGEM ATUAL

“As margens calmas do Ipiranga ouviram o grito que ecoou forte de um povo heróico”.

Nesse instante, o sol da liberdade brilhou no céu da pátria com os raios luminosos.

Se conseguirmos conquistar com força a garantia da igualdade, nosso peito, que somos nós próprios, com liberdade desafiamos até a morte.

Quando no céu formoso e belo aparece a constelação do Cruzeiro do Sul, ó, Brasil, um sonho intenso, um raio claro e límpido de amor e de esperança desce a terra.

“Brasil, tu és gigante, enorme pela sua natureza, pela sua origem”.

És belo, és forte, és destemido e o teu futuro mostrará esta grandeza. Entre tantas outras terras, o Brasil é a pátria amada e adorada.

És a mãe gentil de todos nós, brasileiros.
“O Brasil se destaca entre todos os países da América, situado num lugar privilegiado, digamos, ao som do mar e à luz do céu”.
Nossos campos têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, a nossa vida mais amores do que qualquer outra terra possa ter.
Que a nossa bandeira seja símbolo de amor eterno e que o verde e amarelo dela nos lembre das glórias do passado e da esperança de paz do futuro.
“Mas se precisarmos, em nome da Justiça, erguer a arma em luta da guerra, nenhum filho brasileiro fugirá à luta e quem adora esta terra não teme a própria morte”.
“Terra adorada, entre outras mil és tu Brasil, ó pátria amada, dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada Brasil”.


Hino Nacional Brasileiro
Letra do Hino Nacional, História do Hino, vocabulário, significados, criação e autores, cerimônias no momento do hino nacional

Bandeira do Brasil - Hino do Brasil

História e Informações
A letra do hino nacional do Brasil foi escrita por Joaquim Osório Duque Estrada (1870 – 1927) e a música é de Francisco Manuel da Silva (1795-1865). Tornou-se oficial no dia 1 de setembro de 1971, através da lei nº 5700.
Existe uma série de regras que devem ser seguidas no momento da execução do hino. Deve ser executado em continência à Bandeira Nacional, ao presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional. É executado em determinadas situações, entre elas: cerimônias religiosas de cunho patriótico, sessões cívicas e eventos esportivos internacionais.

Vocabulário (Glossário)

Plácidas: calmas, tranqüilas
Ipiranga: Rio onde às margens D.PedroI proclamou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822
Brado: Grito
Retumbante: som que se espalha com barulho
Fúlgido: que brilha, cintilante
Penhor: garantia
Idolatrada: Cultuada, amada
Vívido: intenso
Formoso: lindo, belo
Límpido: puro, que não está poluído
Cruzeiro: Constelação (estrelas) do Cruzeiro do Sul
Resplandece: que brilha, iluminidada
Impávido: corajoso
Colosso: grande
Espelha: reflete
Gentil: Generoso, acolhedor
Fulguras: Brilhas, desponta com importãncia
Florão: flor de ouro
Garrida: Florida, enfeitada com flores
Idolatrada: Cultivada, amada acima de tudo
Lábaro: bandeira
Ostentas: Mostras com orgulho
Flâmula: Bandeira
Clava: arma primitiva de guerra, tacape

HISTÓRIA DO HINO NACIONAL

Em 1831, Dom Pedro anunciou que estava deixando o trono de imperador do Brasil para seu filho e voltaria a Portugal. Foi a oportunidade que o músico Francisco Manuel da Silva estava esperando para apresentar a sua composição. Ele colocou a letra de um verso do desembargador Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva e o hino foi cantado pela primeira vez no dia 13 de abril de 1831, na festa de despedida de Dom Pedro I. Durante algum tempo, porém, a música teve o nome de "Hino 7 de Abril", data do anúncio da abdicação.

A letra de Ovídio Saraiva foi considerada ofensiva pelos portugueses. Eles foram chamados até de "monstros". Por isso, ela foi esquecida em pouco tempo, mas a partitura de Francisco Manuel da Silva começou a ser executada em todas as solenidades públicas a partir de 1837. Para comemorar a coroação de Dom Pedro II, em 1841, o hino recebeu novos versos, de um autor desconhecido. Por determinação de Dom Pedro II, a música passou a ser considerada o Hino do Império e deveria ser tocada todas vezes em que ele se apresentasse em público, em solenidades civis e militares, mas sem letra. Era também tocada no exterior sempre que o imperador estivesse presente. Francisco Manuel ficou bastante famoso. Recebeu vários convites para dirigir, fundar e organizar instituições musicais. Mas o Brasil continuava com um hino sem letra.

Quando a República foi proclamada, em 1889, o governo provisório resolveu fazer um concurso para escolher um novo hino. Procurava-se algo que se enquadrasse no espírito republicano. Primeiro escolheram um poema de Medeiros e Albuquerque, que tinha sido publicado no jornal Diário do Comércio do Rio de Janeiro em 26 de novembro de 1889. É aquele que começa com o verso "Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós". A letra se encontrava à disposição dos maestros que quisessem musicá-la. No primeiro julgamento, dia 4 de janeiro de 1890, 29 músicos apresentaram seus hinos. A Comissão Julgadora selecionou quatro para a finalíssima.

No dia 15 de janeiro, numa sessão em homenagem ao Marechal Deodoro no Teatro Santana, perguntaram ao novo presidente se ele estava ansioso pela escolha do novo hino. Ele disse: "Prefiro o velho". Cinco dias depois, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, uma banda marcial composta de 70 figurantes, fanfarra e coro de 30 vozes regida pelo maestro Carlos de Mesquita executou as músicas finalistas. Na ordem, os hinos de Antonio Francisco Braga, Jerônimo de Queirós, Alberto Nepomuceno e Leopoldo Miguez. Nessa primeira audição, segundo o regulamento, estavam proibidos os aplausos. Após um curto intervalo, a banda executou de novo os quatro hinos. Aí, sim, o público pôde se manifestar. O mais aplaudido foi o do maestro Miguez, que também foi escolhido pela Comissão Julgadora. O presidente Deodoro e quatro ministros deixaram o camarote oficial e voltaram em seguida. O ministro do Interior, Aristides Lobo, leu o decreto que conservava a música de Francisco Manuel da Silva como hino nacional. Mesmo sem a partitura, a orquestra tocou a música e a platéia delirou. Como prêmio de consolação, a obra de Medeiros e Albuquerque e de Leopoldo Miguez ficou conhecida como o Hino da Proclamação da República. Só que o problema persistia: o Brasil tinha um hino sem letra. Mas, se a música já era tão bonita, por que precisava de uma letra? Por mais que alguém se habitue a uma música, se ela não tiver letra, fica mais difícil de ser memorizada.

Só em 1909 é que apareceu o poema de Joaquim Osório Duque Estrada. Não era ainda oficial. Tanto que, sete anos depois, ele ainda foi obrigado a fazer 11 modificações na letra. Duque Estrada ganhou 5 contos de réis, dinheiro suficiente para comprar metade de um carro. O Centenário da Independência já estava chegando. Aí o presidente Epitácio Pessoa declarou a letra oficial no dia 6 de setembro de 1922. Como Francisco Manoel já tinha morrido em 1865, o maestro cearense Alberto Nepomuceno foi chamado para fazer as adaptações na música. Finalmente, depois de 91 anos, nosso hino estava pronto!

(Artigo de Marcelo Duarte publicado na revista Almanaque Brasil, da TAM)

OS AUTORES

Francisco Manoel da Silva (1794-1865)

Compositor brasileiro, nasceu e morreu no Rio de Janeiro. Foi aluno do padre José Maurício e, mais tarde, de Sigismund Neukomm. No reinado de Dom João VI, fez parte da orquestra da capela real como timbaleiro e segundo violoncelista. Grande organizador da vida musical brasileira, fundou e dirigiu a Sociedade de Beneficência Musical (1833), dirigiu a orquestra da Sociedade Filarmônica (a partir de 1834) e compôs valsas, peças para canto e piano (modinhas, lundus), um hino à Coroação (1841) e música religiosa. Escreveu ainda diversas obras de teoria musical.

De temperamento revolucionário, compôs em 1831 uma melodia patriótica para comemorar a abdicação de Dom Pedro I. Com a letra que recebeu mais tarde, essa composição foi adotada como Hino Nacional do Brasil.

Manuscrito do Hino Nacional com autógrafo de Joaquim Osório Duque Estrada, datado de 3 de agosto de 1922 e ofertado à Academia Brasileira de Letras, em sessão de 21 de setembro de 1922, pelo próprio.

Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927)

Poeta, teatrólogo, ensaísta, crítico e professor, autor da letra do Hino Nacional, nasceu em Pati dos Alferes - RJ a 29 de abril de 1870 e faleceu no Rio de Janeiro a 5 de fevereiro de 1927. Foi professor de português e história do Brasil na Escola Normal e no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e crítico literário do Correio da Manhã e do Jornal do Brasil, na mesma cidade. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e deixou várias obras poéticas e didáticas: Questões de Português, Noções Elementares de Gramática Portuguesa, Concurso de Obras sobre Língua Portuguesa, Alvéolos (1887), Flora de Maio (1902), O Norte (1909), A Arte de Fazer Versos (1912), História do Brasil (1918), A Abolição (1918), Crítica e Polêmica (1924).


História do Hino Nacional Brasileiro e do Hino da Proclamação da República
(Fonte: A História dos Símbolos Nacionais, de Milton Luz. Fundação da Biblioteca Nacional - Ministério da Cultura)

As histórias dos dois hinos se coinscidem

Em 300 anos de história, o Brasil a rigor não teve hino algum que fosse seu. Também em Portugal, até o século XVIII, só se cantava o Hino do Rei, que era mudado toda vez que morria um monarca. Pois o Brasil, mesmo depois de sua independência, por nove anos viveu sem hino.

A história do Hino Nacional Brasileiro é pouco divulgada e geralmente se limita a uma breve referência aos autores da letra e da música. No entanto ela é riquíssima e reflete, talvez mais do que qualquer outro dos Símbolos Nacionais, os momentos mais importantes de nossa História.

O hino brasileiro nasceu ao calor das agitações populares, num dos momentos mais dramáticos de nossa História, quando a independência do Brasil vacilava em razão dos desmandos autoritários do mesmo soberano que a proclamara. Para comemorar a abdicação de D. Pedro I, forçada pelo clamor dos patriotas, Manuel da Silva (discíplo de José Maurício e, por algum tempo, de Segismundo Newkomn) refez o hino que criara em 1822 para saudar nossa emancipação política e que se transformou num grito de rebeldia da Pátria livre contra a tutela portuguesa.

Por mais incrível que pareça, durante quase um século o Hina Nacional Brasileiro foi executado sem ter, oficialmente, uma letra. As muitas tentativas de acrescentar um texto à música não vingaram. Os versos não eram bons: os primeiros, carregados de ressentimentos, insultavam os portugueses; os outros pecavam pelas bajulações ao soberano reinante. Assim, a composição de Francisco Manuel da Silva - uma marcha destinada à consagração do hino - só em 1909 recebeu uma letra definitiva. E apenas em 1922, finalmente completa, foi oficializada como Hino Nacional Brasileiro.

Francisco Manuel era um dos que aspiravam à abdicação do Imperador. E mais: sofrera na própria pele a prepotência dos irmão Portugal - maestros Marcos e Simão -, pretensos donos da verdade e (então) os ditadores da música oficial. O próprio Marcos Portugal iria ensair aqui mesmo o drama de Antônio Salieri versus Mozart, ao mover insidiosa perseguição ao padre José Maurício, ao Baiano Damião Barbosa e a todos os jovens talentosos compositores nacionais que lhe pudessem fazer a mais leve sombra. Como Mestre da Capela Imperial, o maestro Portugal chegou mesmo ao cúmulo de proibir que ali fosse executada qualquer música que não fosse de sua autoria! Pois bem - foi ao som do hino criado por um de seus perseguidos que a fragata inglesa Volage levantou âncoras levando D. Pedro I e a sua família para o exílio na Europa.

Segundo Luís Heitor de Azevedo Correia, o Hino Nacional Brasileiro foi cantado pela primeira vez no cais do Largo do Paço (ex-cais Faroux, atual Praça 15 de Novembro, no Rio de Janeiro), "executado entre girândolas de foguetes e vivas entusiásticos", quando da partida de D. Pedro I. Portanto, em 13 de abril de 1831.

O 15 de Novembro
Ernesto Sena conta que a Proclamação da República foi ressaltada "com um ato homérico e decisivo". Que ato foi este? Menos teatral que o brado de "Independência ou Morte!" de D. Pedro I, o Marechal Deodora da Fonseca alçou a espada e ordenou às tropas formadas no Campo de Sant´Ana: "Apresentar armas. Toquem o hino!" As tropas se perfilaram e ouviram-se os acordes do Hino Nacional, tocado pelas bandas militares. Estava feita a República.

Porém esta não é uma informação históricamente correta.

O ato "homérico e decisivo" iria ocorrer, prosaicamente, muito perto da residência de Deodoro, aquele modesto sobrado que hoje ainda se vê, conservado, na atual Praça da República. Mas o Marechal estava muito enfermo e cuidou-se, mesmo que ele se deslocasse em carruagem para o local da cerimônia, hipótese que naturalmente não cabia aos brios de um velho militar. Assim foi que, não sem certa dificuldade, o Marechal montou o cavalo que lhe fora emprestado pelo alferes Barbosa Jr., o famoso baio n.º 6, que não seria mais montado até a morte do animal, em 1906.

Por outro lado, a dispnéia que atormentava o Marechal não lhe permitia usar o cinturão que sustentaria a pesada arma; daí não ter podido "cingir espada" alguma. Então, depois de transpor o portão do Ministério da Guerra, cavalgando o baio, o marechal não cingiu espada e sim acenou com o quepe, como se vê corretamente documentado no famoso quadro de Henrique Bernardelli, tão freqüentemente reproduzido nos livros escolares. Ou no monumento a Deodoro que se ergue na Praça Paris, na Glória, no Rio de Janeiro.

Sampaio Ferraz, testemunha do episódio, confirma a versão de Ernesto Sena, sem contudo dizer qual o hino foi então tocado. Certamente foi o mesmo velho e glorioso Hino Nacional do Império.

Infelizmente, no alvoroço da mudança de regime, muitos esqueceram nossas mais caras tradições. Tal como ocorrera com a Bandeira Nacional, agora também alguns pretendiam considerar o Hino Nacional como "o hino do ex-imperador". Então, equivocadamente e durante dois meses, tomou-se por empréstimos um hino estrangeiro e a Marselhesa transformou-se em uma espécie de hino nacional provisório.

"Prefiro o velho!"
Há muito os republicanos pretendiam adotar um novo hino que substituísse o do Império. O bom senso aconselharia confiar a tarefa a um compositor profissional, a um dos poucos e competentes maestros disponíveis da Corte. Porém, seguindo um velho hábito que infelizmente pendura ainda nos nossos dias, preferiram promover, em outubro de 1898, um concurso, de resto concorridíssimo. Daí resultou ser premiado, com mil francos, uma composição com a música de um amador, o farmacêutico Ernesto Fernandes de Sousa, e versos de Medeiros e Albuquerque.

Sabe-se que, após a Proclamação da República, o Governo Provisório convidara Carlos Gomes para compor o novo hino do Brasil; e que este, por gratidão ao velho imperador, respondeu ao convite com um lacônico - "Não posso".

A República viveu então um sério embaraço. O maestro Carlos Gomes recusara o convite e a vultosa importância de 20.000$000 (vinte contos de réis) oferecida pela encomenda. Ernesto Fernandes de Sousa, o dublê de farmacêutico e maestro amador recusara o prêmio de mil francos que lhe fora concedido. Dividiram-se as opiniões. Medeiros e Albuquerque defendia a obra de seu parceiro e queria que o hino fosse oficializado. Com isto não concordava Rodrigues Barbosa, um crítico do Jornal do Commercio, que propunha como saída salvadora um outro concurso para a escolha do novo hino. Por sua vez, o jornalista Oscar Guanabarino lutava pela permanência do antigo Hino Nacional.

Realizado o concurso, Guanabarino denunciou o seu resultado em artigo publicado em 4 de janeiro de 1890. Na verdade, o concurso fora instituído para eleger uma composição musical, pois a letra de Medeiros e Albuquerque já fora previamente escolhida pelo Ministério da Justiça. Guanabarino argumentava que, se para isto tinha havido escolha e não concurso, melhor seria que também se tivesse escolhido um músico profissional capaz de inspirar-se na poesia e produzir um hino correto. E sugeria o maestro Leopoldo Miguez, que poderia aceitar a honrosa incumbência e dela dar cabal conta.

Haviam concorrido 29 produções quando, infelizmente, não tínhamos no Brasil nem seis compositores, mesmo contando os estrangeiros naturalizados. Guanabarino acusava:

"Vimos alguns trabalhos concorrentes e a nossa impressão foi a certeza que aqueles hinos atestam a ignorância completa dos seus autores em matéria de arte musical."

Encerrava a defesa da manutenção do Hino Nacional com este argumento:

"Apelamos para o Chefe do Governo Provisório a quem perguntamos: Marechal, nos campos do Paraguai, quando à frente das colunas inimigas a vossa espada conquistava os louros da vitória e as bandas militares tangiam o Hino Nacional, qual era a idéia, qual o nome que acudia à vossa mente no instante indescritível do entusiasmo - a Pátria ou o Imperador?"

Este apelo não cairia em terreno estéril pois coincidia com uma firme convicção do Marechal Manuel Deodoro da Fonseca. E, no dia 19 de janeiro de 1890, o Jornal do Commercio publicava esta declaração da Secretaria de Estado dos Negócios do Interior: "O hino cuja audição será feita no Teatro Lírico em nada prejudica o Hino Nacional, visto ter sido escrito expressamente para comemorar a data da Proclamação da República".

Prevalece a Tradição
Em quase todos os países do mundo há vários hinos oficiais. A Manarquia tinha o Hino da Indepência, o Hino Nacional, o de D. Pedro II e outros. Portugal tem o Hino da Restauração, o da Carta Constitucional e o de D. Carlos I".

Apenas quatro hinos haviam obtido classificação final. Deodoro ouviu todos, na audiência do Teatro Lírico. Gostou. Mas disse: "Ainda assim, prefiro o velho!".

O povo também preferia.

Daí resultou que, no próprio Teatro Lírico e naquela mesma noite de 20 de janeiro 1890, foi redigido pelo Ministro do Interior, Aristides Lobo, um decreto prontamente referendado por todos os outros Ministros ali presentes. O decreto conservava e instituía como Hino Nacional a música de Francisco Manuel e adotava, como Hino da Proclamação da República, a de Leopoldo Miquez.

Este documento dizia, na íntegra, o seguinte:

DECRETO N.º 171, DE 20 DE JANEIRO DE 1890

"Conserva o Hino Nacional e adota o da Proclamação da República."

"O Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, decreta:

Art. 1º - É conservada como Hino Nacional a composição musical do maestro Francisco Manuel da Silva.

Art. 2º - É adotada sob o título de Hino da Proclamação da República a composição da maestro Leopoldo Miguez, baseada na poesia do cidadão José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros Albuquerque."

Uma letra para o hino nacional
Até então, versos diferentes tinham sido juntados à composição de Francisco Manuel, muitos deles em adaptações inadequadas, eivadas de regionalismos e que comprometiam irremediavelmente a beleza e a dignidade do hino. E, pior ainda: em cada estado da União, cantava-se o hino com letras diferentes, nem sempre ajustadas ao bom gosto ou ao ritmo da música. Somente em 1906 Coelho Neto propôs à Câmara dos Deputados que fosse dado ao Hino Nacional um só poema. Proposta que só se concretizou 16 anos depois. Assim a letra definitiva do Hino Nacional foi escrita em 1909, por Osório Duque Estrada. Porém só foi oficializada por Epitácio Pessoa em 1922, às vésperas do I.º Centenário da Independência. Por ter sido originalmente criada para execução em orquestra, a música foi adaptada para também poder ser cantada.

FONTES DE PESQUISA:

http://www.musicasantigaseletras.com.br/evolucao.htm

http://www.2regiao.apac.org.br/pesquise/histhino/histhino.html

http://www.mv-brasil.org.br/brasil_hinoshistoria.html



Nenhum comentário:

Postar um comentário